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Segredos da Coreia

O que o Brasil pode aprender com a bem sucedida internacionalização da economia coreana

Por Rafael Gregorio

(Publicado na revista Getulio, nº. 22)

Segredos da Coreia

Durante os anos 70 tornou-se popular nos meios econômicos o paralelo entre o Brasil e a Coreia. Naquele momento, alimentados por um estudo recém-divulgado pelo Banco Mundial sobre nações pobres e suas perspectivas, analistas realizaram amplos debates sobre o potencial de desenvolvimento dos dois países. As semelhanças eram mesmo inspiradoras. Ambos faziam parte do terceiro mundo, governados por militares, apresentavam indicadores econômicos e sociais parecidos e tinham pouca atuação no comércio internacional. Também em comum, ambições de inserção no mundo desenvolvido.

Passados quarenta anos, o Brasil segue uma promessa. Os benefícios do “milagre econômico” foram em grande parte consumidos pelas crises dos anos 80. E mesmo após a recente onda de crescimento que o recolocou no top 10 da economia, marcada pela ascensão social e expansão do crédito e do consumo, o país ainda sofre as mesmas carências: desigualdade, endividamento, dependência tecnológica, exportações de baixo valor, excessiva carga tributária sobre os setores produtivos, legislação autoral ultrapassada e alta taxa de juros.

Os coreanos, por sua vez, são atores de destaque no novo palco global. A excelência em setores como as indústrias de automóveis, eletrônicos, semicondutores e construção naval conduziu o país à 13ª economia mundial. A renda média quase quadruplicou, como aumentaram também a produção industrial e as exportações. Seus produtos chegam a todos os cantos do planeta e sua cultura se disseminou como uma febre na Ásia.

Em 2009, Brasil e Coreia comemoraram cinquenta anos de relações oficiais. No mesmo período, notabilizaram-se pela resistência à crise financeira mundial que derrubou mercados e ainda aflige referências como os Estados Unidos, Espanha e Japão. Somados a estes marcos, a proximidade da eleição presidencial e o recorrente debate sobre os rumos do país alimentam a antiga pergunta: quais os segredos do sucesso coreano e o que devemos aprender com ele?

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setembro 27, 2010 at 1:38 am Deixe um comentário

O continuísmo na América secundária

Como a política externa brasileira influencia os países vizinhos e projeta o Brasil para além do status de líder regional, ampliando o prestígio do país no cenário internacional

Por_Rafael Gregorio (Publicado na revista Diálogos & Debates, nº. 36)

DD36 – O Continuísmo na América Secundária (download)

Passada a euforia com a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, a América Latina contabiliza o saldo de um 2009 ainda conturbado, principalmente em função da crise econômica internacional deflagrada nos EUA com a quebra do Lehman Brothers, em 2008. Entre avanços e retrocessos, Barack Obama experimenta o choque de realidade, ao mesmo tempo em que a imprensa mundial e líderes internacionais ascendem Luiz Inácio Lula da Silva ao posto de ídolo, quase mito. Status muito bem recebido pelo presidente brasileiro, diga-se, em busca obstinada pela eleição de um sucessor.

Ameaças à paz e à estabilidade democrática parecem marcar a política sul-americana em 2009. O bolivarianismo, encabeçado por Hugo Chávez, se apresentou em discursos menos prolixos, é verdade, mas não faltaram polêmicas. E a América do Sul assiste à consolidação de governos que, a despeito de programas esquerdistas, rejeitam paralelos com o modelo bolivarianista – uma via alternativa que adotou Lula como referência e símbolo maior.

A AMÉRICA SECUNDÁRIA

Barack Obama tomou posse em 20 de janeiro deste ano. Após meio ano de sua administração, o cenário de mudança desenhado na campanha presidencial se revelou diferente do esperado. Eleito, o presidente americano ainda não conseguiu materializar boa parte do discurso de transformação que o elegeu, aí incluídas as relações com a América Latina.

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maio 13, 2010 at 12:59 am Deixe um comentário

Odeie seu ódio

A responsabilidade do Ocidente sobre o extremismo religioso em debate

Em janeiro, uma comissão do parlamento francês recomendou ao governo proibir o uso da burca em lugares públicos, como escolas, hospitais, correios e meios de transporte. Seria uma extensão à proibição do uso do nicab, o véu que deixa à mostra apenas os olhos, em vigor desde 2004 no país.

O presidente Nicolas Sarkozy declarou seu apoio à nova proposta e afirmou que “coberturas corporais não são bem-vindas na França”. No mês seguinte, uma aluna foi proibida de assistir aulas em uma universidade em Lyon porque vestia uma camiseta com os dizeres “Palestina livre”.

Os episódios retratam uma tendência perigosa no mundo desenvolvido, especialmente em algumas partes da Europa: os flertes com o populismo conservador e xenófobo.

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março 15, 2010 at 4:59 pm Deixe um comentário

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